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Demorei uma semana a escrever este post. Escrevia e apagava, faltavam-me as palavras.
Custava-me reviver o dia em que soube que tinha perdido uma das minhas pessoas preferidas, falar sobre a perda quando me sentia culpada por ter escolhido viver tão longe, e por isso não conseguir estar lá na despedida.
Uma semana depois, aceitei que mais do que chorar a tua perda ou a minha ausência, devia celebrar a tua vida e sentir-me grata pelos momentos que partilhámos e por todas as boas memórias que ficaram.
Lembro-me como se fosse ontem dos Verões passados na tua casa em criança, das músicas que me cantavas enquanto comia a papa, dos vestidos que me fazias e que eu usava até deixarem de me servir, do caminho que fazíamos até à piscina quando nos levavas à aula de natação, de comer os cereais de manhã com a J. sentadas no banquinho branco da tua cozinha, das sopas que todos comíamos sem refilar e dos super-maxis que tinhas sempre no congelador para os netos, dos tubinhos de smarties que apareciam debaixo das nossas almofadas à noite, da cozinha a cheirar a bolos e do gosto pela culinária que ganhei enquanto te observava, do carro sempre carregado quando vinhas ao Algarve, de te ouvir contar histórias da tua vida ou de folhear contigo um dos muitos álbuns de fotos que havia lá em casa. Nunca me vou esquecer do último abraço que te dei e dos teus olhos a brilhar quando nos despedimos antes de vir para cá. Ou da tua voz emocionada quando falávamos ao telefone, ou das cartas que me escrevias, mesmo com umas mãos já trémulas.
Este Natal vais-me faltar tu, avó. Mas estas memórias fazem-me sentir que ainda estás cá. E é por isso que me agarro a elas, que revejo cada um desses momentos com um sorriso e que espero que um dia os meus futuros filhos também venham a ter memórias assim.