5.45h, toca o despertador. Estico o braço para o desligar, rebolo para o lado e resmungo enquanto me levanto da cama. "Já? Tenho que começar a deitar-me mais cedo" - penso.
Tomo o pequeno almoço, visto-me e saio de casa às 6.15h. Subo a "ladeira" até à paragem e apanho o autocarro às 6.25h. Ponho os
phones nos ouvidos para ver se acordo com um bocadinho de música.
Reconheço as mesmas caras no autocarro. O pessoal das obras de capacete debaixo do braço, a enfermeira, o chef de cabelo comprido e a malta nova vestida de preto, como eu, que calculo trabalhem em algo do mesmo género.
O
bus chega à cidade às 6.45h e ainda ando um bocadinho até ao trabalho.
Passo pelo Subway e vejo a mesma miúda a tirar as primeiras baguetes do forno. Sigo caminho e passo por um café onde o mesmo rapaz limpa os vidros por fora. Mais à frente há um bar onde a essa hora está sempre um indiano a lavar o chão. Mais uns passos, mais um café, e neste está um chinês a pôr as mesas na rua. Chego ao prédio onde trabalho pouco antes das 7.00h, hora em que as portas de vidro se abrem automaticamente.
Começo a preparar as coisas para a vitrine do café. Às 7.15h chega o homem do pão. Digo "bom dia" mas nunca tenho resposta, é um mal humorado. Confiro o recibo e anoto o que está errado. Todos os dias vem algo a mais ou a menos, não sei como é que ainda não mudámos de fornecedor...
Às 7.30 já há movimento no café. Faço sandes e torradas, frito
bacon & eggs numa tostadeira (
don't ask...), sirvo às mesas e lavo a loiça, enquanto o meu colega faz os cafés. Meio da manhã, o colega mostra-me os músculos enquanto me relata a tarde anterior no ginásio e pergunta-me se reparei que está a ficar maior. Haja paciência...
Vou buscar qualquer coisa à arrecadação e deparo-me com um monte de caixas vazias a obstruir a entrada. Respiro fundo, desmancho e espalmo os cartões e ponho-os no contentor da reciclagem. Será assim tão difícil? No meio do processo parto uma unha.
Oh well, no estado em que andam as minhas mãos não vai fazer muita diferença.
Volto para o balcão. O colega toma um batido de proteínas e come 3 ovos estrelados.
Continuo a fazer sandes e torradas, a fritar
bacon & eggs, a servir às mesas e a lavar a loiça. O colega está encostado à bancada, diz que está cansado.
A manhã passa com os clientes habituais. O Brad e o Jeff que são sempre os primeiros; o Mark, mal-disposto, que em vez de fazer o pedido, deixa o dinheiro no balcão sem dizer nada; a Mary e a Robin que chegam sempre a rir e se fazem notar; o grupo de jovens polícias giraços (eles e elas) que vêm para o pequeno almoço e deixam sempre gorjeta; o Craig, descontraído, que se senta para o habitual
expresso & banana bread enquanto lê o jornal como se tivesse todo o tempo do mundo; o Sam, sempre com pressa e ao telefone, que gesticula para pedir o seu
flat white e
vegemite toast. São quase todos simpáticos e gente boa.
Ao fim da manhã o patrão chega. Finalmente podemos começar a fazer as nossas pausas, é meio-dia e meia e eu estou quase a cair para o lado com fome. Faço uma tosta mista e sento-me a comer. "Rápido, não demores", diz o patrão. Engulo a sandes em 5 minutos. O colega vai-se embora e despede-se com um "Adeus pessoal, divirtam-se!". Nunca percebi...
Começa a azáfama do almoço, mais tostas, mais
bacon & eggs e
steak sandwiches (não perguntem onde é que cozinhamos os bifes...) e muuuita loiça para lavar.
Às 15.00h venho-me embora. Doem-me os pés, estou cansada e penso "Tenho mesmo que arranjar outro trabalho". Mas sorrio quando os clientes ao balcão me dizem "até amanhã", tratando-me pelo nome. Sei que quando um dia me for embora vou sentir a falta deles. Amanhã há mais!